quinta-feira, 24 de março de 2011

Porque voto num Projecto

Antes de mais, não me foi possível ver o debate na SportTV, apenas pude ler um pouco do que saíu nos jornais e nos blogs de opinião. Tanto quanto consegui perceber, manteve-se a toada de infantilidade, mas houve uma melhor moderação e talvez um pouco mais de consciência por parte dos candidatos.

Não irei destoar muito do amigo Miguel visto que iremos votar no mesmo candidato: Lista C de Bruno de Carvalho, no entanto vou tentar ser original nos argumentos.

Candidato

Eu não gosto de todo deste candidato. É verdade. O homem até pode ser um indivíduo porreiríssimo e pagar umas jolas ao pessoal nos tempos livres, mas a postura que tem assumido nos debates é deplorável. Interrompe sem respeito, parte para a resposta fácil e infantil e até o tom de voz arrogante e condescendente me irrita particularmente. Não gosto deste senhor como indivíduo e é apenas neste ponto que creio que esta candidatura perde. Mas como não tenho de gostar do meu presidente, mas sim do seu trabalho...

Projecto Apresentado

1. Este projecto é de longe, de muito longe, o mais completo, o mais detalhado e o mais pragmático. É o projecto que eu quero para o meu Sporting.

2. E é o projecto que eu quero para o meu Sporting porque foi idealizado por sportinguistas como eu: apaixonados pelo clube, sem interesses externos e que querem, altruistica e a realisticamente retornar o Sporting aos seus tempos de glória, mas no século XXI.

3. Não dou especial valor à ausência de figuras da continuidade porque não creio que a simbolizem verdadeiramente se não tiverem o último poder de decisão, i.e. se o presidente como principal decisor for independente e agnóstico a pressões da continuidade, até os maiores símbolos da mesma poderão fazer um bom trabalho sob a sua tutela. Não obstante, é importante esta lista mostrar que pretende virar por completo o rumo que o Sporting seguia.

4. O fim da promiscuidade entre o Sporting e as entidades credoras é algo que me apela, desde que seja feita com pés e cabeça. O Sporting tem dívidas que devem ser honradas e, como devedor, deve assumir um papel firme para evitar escalada de juros, mas humilde na mesa de negociações.

5. A restruturação empresarial e a auditoria externa a todas as contas do clube são algo que há muito deveria ter sido feito e que algumas (se não todas as) listas defendiam à partida, no entanto parece-me que o espírito de mudança especialmente presente na Lista C poderá motivar uma auditoria mais completa e detalhada, sem olhar a susceptibilidades.

6. Não vou entrar pela componente financeira da coisa porque não vou fingir que percebo a totalidade do que é proposto nesta vertente. No entanto, do que li e pude compreender, parece-me ser a lista que apresenta as medidas mais concretas e detalhadas, assim como as mais credíveis a todos os níveis e prazos.

7. A ideia da equipa B não é nova, mas dou especial valor à insistência. Algumas listas falam em avaliar a exequibilidade de o fazer, mas a lista de BdC (se não estou enganado) encara-o como algo necessário para a evolução de um clube com o enfase que o Sporting tem na formação. Algo com o qual concordo plenamente: não podemos continuar a emprestar os nossos jogadores jovens a clubes que não os utilizem, comprometendo não só a sua evolução como jogadores mas também a sua evolução como representantes do "jogar à Sporting".

8. Não posso também deixar de dar valor à equipa técnica que escolheu para liderar o futebol profissional do Sporting. Desde o corpo directivo até aos holandeses que estarão sentados no banco. Foi uma boa escolha e, no meu entender, revela ponderação e contenção financeira, ao mesmo tempo que revela inteligência ao aliar o know-how de Van Basten e o seu futebol atacante (gosto especialmente do 4x3x3) ao conhecimento de Van der Gaag do futebol português.

9. O tecto salarial. Algo que existe na NBA onde chove dinheiro e há muito deveria existir num clube com as limitações financeiras que o nosso tem.

10. A construção do pavilhão, apesar de achar que poderá ser um excesso financeiro está apresentada de uma forma sustentável e, como tal, acessível e dinamizadora do ecletismo do Sporting.

Porque não uma das restantes listas?

1. Apesar de não repudiar a lista de Godinho Lopes com o mesmo fervor que sportinguistas mais conhecedores da realidade financeira e mais "por dentro" das manobras das anteriores direcções do Sporting, é mais que óbvio que este senhor representa tudo aquilo de que o Sporting deve, de uma vez por todas abdicar. Reconheço algum mérito em alguns indivíduos da sua lista, mas não lhes quero dar poder sobre esta direcção.

2. Não me revejo de todo no discurso e na postura de Pedro Baltazar. Revelou-se, no decorrer desta última semana, uma pessoa mesquinha e de baixo nível que insiste em fazer uma campanha plena de insinuações via os media, que por sinal aparenta controlar. Para além do carácter do candidato, não me revejo em grande parte do que propõe para o Sporting, tenho um projecto de carácter falso-populista, i.e. construído para apelar à garra dos sócios mas sem um mínimo de credibilidade e como tal aceitação pelos sócios (decididamente não compreendo a questão da bancada tendo em conta a realidade do futebol português, do ódio cego dos adeptos a certos jogadores adversários e do encargo financeiro que seria a sua construção).

3. Em Abrantes Mendes vejo passividade. Foi durante muito tempo o rosto de uma vontade de mudança, mas quando "a porca torce o rabo" revela que pouco ou nada tem a propôr que traga mais valias para o clube, não mostrou um projecto credível e com medidas inovadoras e de valor acrescentado e, se não me engano, chegou-se à frente com ideias de mudar a Academia de local, o que me parece ridículo, no mínimo. Passou no entanto uma ideia de contenção financeira e necessidade de "apertar o cinto" que me agradou por ser o mais realista.

4. Dias Ferreira será para mim "o que podia ter sido mas não foi". É um homem de um enorme sportinguismo, de uma força e vontade de defender o seu clube, tem presença, tem amor ao Sporting e seria possivelmente um grande presidente. Se tivesse outra lista, outro projecto e outro nível de apoio por parte dos adeptos. Apresentou um bom treinador mas com remuneração questionavelmente alta demais para o Sporting; apresentou um director para o futebol que muitos, demasiados sportinguistas odeiam à partida sem sequer olhar criticamente para o seu currículo. Terá sido possivelmente esse o grande tiro no pé que DF deu. Para mim foi só o "faltar algo mais".

Gostava no entanto de fazer uma ressalva: há algumas coisas a reter das outras 4 campanhas e que seriam proveitosas se BdC tivesse a presença de espírito e humildade para o fazer, inclusivamente incluir pessoas das outras listas em alguns dos órgãos sociais para os quais tenham especial aptencia, ou mesmo incluir velhas glórias do Sporting que se tenham associado a outras listas; de especial valor, para mim, seria adoptar um pouco da postura de contenção que Abrantes Mendes propagandeou durante a campanha, assim como o apelo à união pelo Sporting: são candidatos rivais, mas são todos sportinguistas; ajudem-se ganhando ou perdendo.

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