E o fair play financeiro?

Hoje no Jornal Diário Económico temos um artigo muito interessante sobre a situação atual dos 3 grandes de Portugal face ao Fair-play financeiro que brevemente será imposto e regulado pela UEFA.

Apesar de não ser novidade nenhuma para quem está por dentro das contas do SCP este artigo elucida claramente que atualmente o Sporting está muito longe de poder responder aos requisitos estabelecidos pela entidade máxima do futebol europeu. E vai mais longe comparando as contas atuais dos 3 grandes. Deixo aqui alguns indicadores:

Proveitos Operacionais

Sporting – 41 milhões de euros
Benfica – 91 milhões de euros
Porto – 72 milhões de euros

Salários + Custos com passes (Amortizações) – Mais-valias com vendas de jogadores

Sporting – 58 milhões de euros
Benfica – 51 milhões de euros
Porto – 57 milhões de euros

A UEFA indica como aconselhável que os clubes, combinando os dois indicadores apresentados, atinjam um rácio de 71% (dividindo os custos acima pelo total de proveitos operacionais). Fazendo as contas vemos que o Benfica tem 56%, o Porto 79% e o Sporting 143%! Para o nível de receitas atuais, os custos do Sporting deviam rondar os 29,1 milhões de euros, ou seja, menos metade dos custos atuais.

Tendo investigado um pouco mais sobre o assunto encontrei na internet um artigo também muito interessante escrito por Múcio Borges de Pina Amorim no site da empresa de advogados Vellasco&Velasco. Destaco a seguinte frase:

"Esse controle, que será feito através de uma avaliação periódica, só entrará em vigor no começo da época 2013/2014. Excepcionalmente, serão tidos em conta apenas dois exercícios, 2011/2012 e 2012/2013, o que significa que já a partir de junho do corrente ano, as contas dos clubes passarão a ter impacto nessa futura avaliação.”

Posto isto, como poderá o Sporting encarar essa avaliação? Corremos o risco de, tal como o Málaga, Hajduk Split, Osijek, Rapid Bucareste, Dínamo Bucareste e Partizan Belgrado, sermos penalizados com vários anos fora das provas europeias? De facto, gerir um clube passa muito pela vertente desportiva e pelo facto de a bola entrar ou não, mas há também a vertente económica não muito diferente daquilo que todos fazemos na gestão das nossas contas pessoais. E eu, que trabalho na área e já fui auditor, volto a dizer que nunca vi nenhuma empresa no estado calamitoso em que está o SCP.