O nosso presente tem sido claramente melhor que o nosso passado recente, no que diz respeito ao futebol. Talvez isso explique esta vaga de euforia (um pouco excessiva) em torno da nossa equipa sénior.
Isso quer dizer que estamos no paraíso? Não! Mas quer certamente dizer que subimos alguns degraus em relação a um passado recente…E a um passo bastante acelerado. O que é bom… Desde logo, porque já não se via jogar á bola em Alvalade desde 2006/07 e agora vemos futebol. Pode não ser em todos os jogos, mas é certamente na maioria deles. E isso é tão importante como os resultados alcançados! É verdade que o nosso patamar de exigência tinha atingido níveis baixíssimos, o que ajudou á melhoria, mas a herança foi esta, não foi outra…
Confesso que sou dos que desde o princípio apoiaram a contratação deste treinador. Mas também sou (e continuo a ser) dos que são bastante cépticos em relação á dupla Freitas/ Duque. Porquê? Porque sou muito céptico da solução “camião de jogadores estrangeiros”. Além de achar a dita dupla muito gastadora (em tempos de crise) e demasiado próxima de alguns empresários.
Contudo, tenho de reconhecer que a solução que foi encontrada para esta época terá sido a melhor possível, até porque havia poucas alternativas ao que se fez, pelo que classifico o trabalho feito até agora como positivo. O edifício estava em ruínas e havia que por qualquer coisa em pé que chamasse as pessoas. Agora que já está em pé (e acho que está, apesar dos problemas) temos de pensar o futuro com outro equilíbrio e com outra estratégia. Até porque a classificação global positiva não esconde alguns erros cometidos. Por exemplo, Nuno Reis e Wilson Eduardo deviam estar no plantel. Em relação aos centrais, atendendo de facto ao histórico dos jogadores que temos em termos de lesões, mais obrigatório era que Nuno Reis estivesse. Também não percebo os negócios Dyer (Everton) e Pedro Mendes (Real Madrid). Será que se estão a pagar favores a alguns empresários? Em que é que estes negócios beneficiaram o Sporting?
Outra questão que se coloca é a contratação de muitos jogadores com um histórico de lesões bem conhecido. As consequências estão agora a vir á tona. Se bem que reconheço que bom e barato não existe. Estes jogadores foram contratados porque apesar de tudo, eram acessíveis. Claro que a questão das lesões os tornou mais acessíveis. Havia que construir uma equipa que garantisse o futuro imediato e chamasse gente. Porque não podíamos manter o afastamento das pessoas…
Outro ponto onde sou muito céptico é a propriedade do passe dos jogadores do actual plantel. Que compromete futuras mais valias e a realização de receita extraordinária, o único caminho que vejo para a saída deste garrote financeiro que nos asfixia. De qualquer modo, em relação a este aspecto, resta saber se se podia ter feito algo de muito diferente, tendo em conta o dinheiro que havia para investir (praticamente nada; aqui temos que retroceder até ás eleições e relembrar os cem milhões para investir; enganar as pessoas é feio, no futebol, como na política, mas parece que as pessoas gostam de ser enganadas…). Em relação a este aspecto, mesmo concedendo que dificilmente se poderia ter construído a equipa de outro modo, resta saber que favores forem feitos a empresários e outros agentes extra Sporting…
Chegados aqui e aceitando que apesar de todas as reticencias colocadas, os resultados têm sido bons (e na minha opinião, o balanço destes meses é de facto positivo) resta saber se deve ser este o caminho para o futuro. Não minha opinião, não! Este foi um caminho de recurso numa conjuntura especial, mas não deve ser a estratégia a seguir daqui para a frente. O caminho para a frente tem de ser outro: a aposta nos jogadores portugueses, nos miúdos, mesclada com estrangeiros de qualidade escolhidos cirurgicamente (atenção á vertente humana) para se construir um plantel equilibrado e mais barato (e com menos jogadores).
Se existir vontade, podemos ter futuro. Estes jogadores, que formam um plantel de alguma qualidade são um núcleo que se deve manter mais ou menos intacto num futuro próximo (com algumas mexidas obviamente, mas com manutenção do núcleo) e que pode potenciar outros a entrar no plantel a curto e médio prazo. Que por enquanto são nossos e que são das nossas escolas. Não podemos deixar que alienem os passes desses. Aí sim, estaremos a hipotecar o nosso futuro. E temos claramente que baixar a massa salarial. Também aí a entrada de miúdos da formação pode ajudar. O futuro tem de ser esse. Mesclado com 2/3 jogadores de nível contratados por época, com nível. Comprados por nós ou tendo parte do passe (não é dramática essa opção se tivermos 100% dos passes dos nossos, que podemos rentabilizar para abater na dívida…).
O nosso futuro passa pela pressão que os sócios do Sporting fizerem em cima de quem manda e que obrigue a que sejam tomadas as opções que melhor defendem o Clube (friso a palavra Clube). E a que não sejam tomadas as opções que defendam terceiros que nada têm a ver conosco. Os ditos terceiros poderão e deverão ser nossos parceiros, mas sempre numa parceria que defenda de modo intransigente os nossos interesses!
Euforia não deve significar ser amorfo. Devemos continuar a ser construtivamente críticos!
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
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