terça-feira, 24 de abril de 2012

Entender o ponto 1 da AG de hoje

Ordem de trabalhos da AG de hoje

1. Discussão e votação de um empréstimo bancário no valor de 120 milhões de euros, que substitua obrigação de igual valor do Sporting, Património e Marketing, por forma a permitir o processo de fusão por incorporação desta na Sporting, SAD, e financie o aumento de capital da SGPS. A aprovação da proposta é essencial para os planos do Conselho Diretivo.

2. Discussão e votação de acertos pontuais nos estatutos recentemente aprovados (23 de Julho de 2011), por forma a acomodar as sugestões feitas pelo Ministério Público sobre essa matéria.

3. Discussão e votação da proposta de Regulamento da Assembleia Geral, nomeadamente no que diz respeito ao processo eleitoral, com destaque para a introdução de mecanismos de voto eletrónico.

No que toca aos pontos 2 e 3 nada a dizer pelo que me parecem ser consensuais. São melhorias necessárias no que toca à intervenção dos sócios na vida do SCP.

Relativamente ao ponto 1 é que de facto as coisas são mais complexas. Por isso tento aqui detalhar a operação proposta:

- O SCP irá, caso seja aprovado, contrair um empréstimo bancário de 120 milhões de euros.

- Esse valor será dividido em duas partes distintas, ou seja, terá dois fins.

- Uma primeira parcela, no valor de 67 milhões de euros, servirá para ser aplicado na Sporting SGPS através de um aumento de capital.

- A segunda parcela, no valor de 53 milhões de euros, servirá para ser aplicado na SPM, também como aumento de capital.

- A Sporting SAD só terá impacto após a fusão com a SPM, depois desta ter sido intervencionada pelos 53 milhões de euros.

- Apesar de não aparecer explicado em nenhum lado (admito que apenas ontem na sessão de esclarecimento tenha sido possível entender isto) depreendo que o que vai acontecer na Sporting SGPS é a utilização dos 67 milhões de euros do aumento de capital para reembolsar o passivo financeiro existente.

- Da mesma forma, na SPM os 53 milhões de euros irão servir para liquidar o empréstimo aí existente.

- Assim, na prática estamos a falar de uma transferência de dívida bancária da Sporting SGPS e da SPM para o SCP, no valor total de 120 milhões de euros. Segundo a Direção do SCP, as condições do empréstimo mantém-se, isto é, a taxa de juro e prazo do novo empréstimo serão iguais aos dos empréstimos existentes na SGPS e na SPM.

- Contabilisticamente falando, o SCP irá ver aumentar o seu passivo bancário por contrapartida dos investimentos financeiros em empresas do Grupo.

- Em termos de contas do Grupo o impacto será nulo.

- Um efeito importante será o facto de, com este aumento do capital da SPM, o futuro capital da SAD será maior, o que irá reduzir o peso dos VMOC’s quando forem transformados em ações, permitindo assim que o SCP mantenha uma maior quota da SAD.

- Outro efeito será o de dotar a SAD de condições económicas para ser aprovada nas provas europeias (fair play financeiro da UEFA).

Para terminar, e caso tenha entendido corretamente todas as nuances desta operação, sou da opinião que tudo isto vai de encontro ao que defendo há muito tempo: Redução do número de empresas do grupo SCP e manutenção no SCP da maioria da participação na SAD.

Esta operação não põe em causa tudo aquilo que acho que deve ser feito no clube. Continuo a ser claramente oposição no que toca à gestão do clube e à sua vertente económica (orçamento do futebol, política de investimentos, etc.) mas ser oposição não implica que vote contra todas as medidas propostas só porque são propostas pela Direcção atual.

Assim, e ainda dependente da apresentação a ser feita mais logo pelo Conselho Diretivo e de outros efeitos que não tenham sido por mim entendidos, tenciono votar a favor ou abster-me na votação do ponto 1.

2 comentários:

JPS disse...

MRL:

A tua interpretação está correcta. Os 120M destinam-se inteiramente a liquidar a dívida da SPM, sendo a mesma assumida pelo Clube e a soma nula no consolidado.

Essa operação é feita através de aumento de capital directo e via SGPS. Só depois da operação completa é que se procede à fusão.

Resta acrescentar ainda que, ao contrário do que foi dito insistentemente nas últimas semanas, o estádio continua na posse do Clube. O que está na posse da SPM e passará para a SAD é apenas o direito de utilização (vulgo direito de superfície), que do ponto de vista patrimonial é um direito muito limitado.

vitor disse...

Como é que se protege e valoriza mais o património leonino, que é sem duvida alguma de todos nós? Com os direitos de superfície e uma equipa mixuruca ou com umas SAD e equipa fortes?

SL