domingo, 30 de junho de 2013

União na verdade

A Assembleia Geral do SCP decidiu quase por unanimidade aprovar o projeto de reestruturação financeira apresentado pelo Conselho Diretivo liderado pelo presidente Bruno Carvalho. Confesso que o consenso me surpreendeu ao contrário da apresentação inicial responsabilidade do atual Conselho Fiscal.

Tudo o que temos vindo a escrever neste blog há já alguns anos foi hoje reforçado pelos recentes órgãos sociais e finalmente compreendido pela grande maioria de sócios. O caos económico e financeiro deixou de ser questionável e é agora aceite como realidade.

Felizmente ainda existiu tempo para encontrar uma saída. Saída essa que não é mais do que um plano que agora deve ser implementado com rigor e transparência. E sinceramente, acredito que este Conselho Diretivo o vá fazer.

Para além do que já foi dito e do que vamos ler nos próximos dias gostaria de realçar um aspeto importante: O plano pressupõe a entrada de 38 milhões de euros de investidores. No entanto, 20 milhões são transferência de passivo em capital próprio. Por isso apenas 18 serão entrada de dinheiro propriamente dito. Ora, num plano onde o capital próprio passa de -105 milhões para um valor positivo (penso que à volta dos 20 milhões) penso ser importante destacar o papel daquele que considero os principais parceiros, isto é, os bancos.

Não quero aqui dizer que os bancos assumiram um qualquer papel de salvadores. Longe disso. Mas considero lógico, e sempre o defendi, que só os bancos poderiam apoiar o SCP numa 1ª fase de recuperação. Obviamente que as contrapartidas existem: 1) pagamento de juros da dívida e 2) cumprimento de um plano que não pressuponha mais prejuízos.

Posteriormente, e já com o plano em marcha e com as primeiras evidências de rigor e de recuperação económica, acredito que seja muito mais fácil começar a atrair investidores e mais capital. Sempre no pressuposto que o SCP detenha a maioria da SAD.

Para concluir, assumo que continuarei a dedicar especial atenção aos relatórios e contas e à análise económica e financeira do SCP. Mas espero finalmente que o Rugido Leonino tenha a partir de agora mais posts relacionados com a equipa, com os jogos, com análises de exibições, com o futebol propriamente dito.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A importante Assembleia Geral de Domingo

No domingo iremos em AG analisar e votar dobre as operações subjacentes à reestruturação societária e financeira do Grupo Sporting. Elenco aqui resumidamente:

1- Alargamento do prazo de direito de superfície concedido pelo SCP à SPM (passa a 50 anos)
2- Aumento do capital da SPM em 73 milhões de euros convertendo a dívida ao SCP em capital próprio
3- Contrair empréstimo de 68 milhões de euros para liquidação de dívidas intra-empresas e de outros financiamentos, tendo como contrapartida a constituição de hipoteca sobre o estádio e o multidesportivo
4- Aumento de capital da SAD em 18 milhões de euros via entrada de novos investidores e em 20 milhões de euros via conversão das dívidas à Holdimo
5- Conversão de dívida bancária em VMOC’s (para ajustar situação patrimonial e redução dos custos financeiros) no valor de 80 milhões de euros
6- Fusão entre a SAD e SPM (possui direito do estádio e multidesportivo) – aumento de capital próprio da SAD pela entrada de SPM
7- Nova emissão de VMOC’s no valor de 55 milhões de euros

Tendo por base estes pontos e o objetivo comunicado de manter o controlo maioritário da SAD no SCP vou assistir à AG bastante recetivo a aprovar as propostas apresentadas. Não quer com isto dizer que não existam dúvidas que considero ser importante serem esclarecidas, como por exemplo, qual a perspetiva de médio e longo prazo relativamente às VMOCS e à manutenção do controlo maioritário da SAD.

As consequências mais positivas deste plano são na minha opinião a simplificação empresarial do grupo (menso empresas), a melhoria dos capitais próprios da SAD (importante para futuras avaliaçãos ao nível do fair play financeiro) e a recuparação inerente de parte dos passes de jogadores que estavam dadas como garantias a terceiros.

Deixo aqui um link importante sobre esta reestruturação – entrevista ao administrador Carlos Vieira

À parte dos assuntos relacionados com a AG de domingo realço aqui uma parte dessa entrevista onde se fala do necessário aumento de receitas que poderá ser feito via Internacionalização, Apostas desportivas, Recuperação do número de sócios e Melhor utilização da infraestrutura Estádio. Finalmente temos alguém a falar do assunto Apostas desportivas!

Uma outra nota sobre a entrevista: Esta 1ª época desta nova direção terá um objetivo positivo em termos de cash-flows mas em termos contabilísticos a situação será diferente visto que deveremos voltar a ter um impacto significativo de imparidades relativas aos passes dos jogadores, isto é, perdas na valorização dos passes jogadores. O impacto da má gestão de Godinho Lopes vai muito para além de Março de 2013.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Criar para extinguir. Reduzir para alargar. Uma moda portuguesa?

Há uns dias atrás vi uma notícia relativa a umas declarações do presidente da Liga Portuguesa de Futebol, o Sr. Mário Figueiredo. Dizia ele que estava aberto à possibilidade de extinguir a Taça da Liga porque agora não faz sentido que os clubes da II Liga tenham tantos jogos.

Pessoalmente tenho a dizer que me irrita profundamente esta característica dos gestores e líderes. Cria e extingue. Alarga, reduz e volta a alargar. Cria algo de novo e por isso tem de reduzir. Mas depois alarga para que possa extinguir. E assim em diante.

No SCP também temos sofrido deste mal. Primeiro aposta-se na formação mas depois investem-se 30 milhões em jogadores estrangeiros. Depois volta novamente a aposta na formação. E passados alguns meses mais uns milhões em jogadores estrangeiros, por ventura, também eles com menos de 21/22 anos.

Chamo a isto falta de estratégia, falta de liderança ou, sendo mais radical, falta de força perante outros poderes económicos. Quem gere não quer gerir bem. Quer apenas ir agradando ou ir ganhando algum.

O engraçado é que a solução é fácil. Basta ir copiar o que os outros fazem. Mas não. Chegámos à pobreza que é o futebol português de hoje, onde o benfica e porto têm que ter vendas na ordem das dezenas de milhões de euros para andar à tona de água. Onde o SCP está falido e já chegou ao limite da sobrevivência. Onde todos os meses ouvimos falar de ordenados em atraso e de clubes em risco de não poder ir à UEFA. Onde na 2ª Liga todos os anos temos clubes a desistir das competições profissionais. E, para terminar, onde cada vez menos pessoas vão aos estádios.

Temos o futebol que merecemos porque aceitamos os líderes que temos. E enquanto não corrermos com eles nada irá melhorar.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amor ao clube... cadê?

Certo, vivemos num mundo bem mais preocupado com o dinheiro do que com o que o coração quer ou deixa de querer. Não obstante, não deixa de me fazer confusão quando nem os jogadores da formação compreendem as dificuldades financeiras do clube que os criou e fez deles o que são hoje e aceitam renegociar o contrato para poderem ficar de forma sustentável.
Não acredito que fossem ficar muito prejudicados. Não acredito que fossem viver na miséria, por amor de deus. Parece-me ingrato e frio. E para mim futebol não é isso.
Que um jogador como o Labyad possa sair para o Porto porque não aceita baixar o salário faz-me espécie mas até percebo, veio para cá há pouco tempo, não jogou assim tanto, não se ligou aos adeptos... não me choca. Não gosto, mas não me choca. Se fosse o Capel aí sim.

Agora ver jogadores como o Illori ou o Bruma a dificultarem o processo de renegociação do contrato quando supostamente até querem ficar... não compreendo. É óbvio que cada um deve olhar por si e pensar no que é melhor para a sua carreira, mas honestamente não vejo o Illori a brilhar tão cedo no Liverpool. A jogar a titular no Liverpool. Vejo-o a fazê-lo no Sporting, a ganhar experiência que bem precisa. Portanto não só é uma jogada que me faz confusão pelo facto de carinho pelo clube que o formou, como é uma jogada idiota e claramente burra. Foco no dinheiro e ouvidos no empresário.

Com o Bruma a coisa é ligeiramente diferente, mas não por muito. Ele já veio dizer que quer ficar, que é so uma questão de renegociar a coisa, mas o xôr Zahavi não parece estar a facilitar a questão. Volto a dizer: indo para um Bayern irá ter a mesma experiência de titular que no Sporting? Não me parece. E é outro jogador que claramente precisa de mais uns jogos de alto nível em cima para poder explodir.

Enfim, isto era mais um desabafo que outra coisa, ler este tipo de notícias faz-me sempre pensar no que realmente move as pessoas.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Foi-se Godinho Lopes. Foram-se 115 milhões!


Foi a semana passada publicado o último relatório de contas da era Godinho Lopes. É possível agora, de forma matemática, quantificar o descalabro que representou em termos financeiros a sua passagem pelo SCP, mais especificamente, pela Sporting SAD.

No gráfico acima são apresentados os resultados líquidos trimestrais não acumulados. Os 3 primeiros períodos dizem ainda respeito à anterior direção. Somando os últimos 8 trimestres chegamos à inqualificável quantia de 115 milhões de euros de prejuízo. Para quem não entende muito de conceitos contabilisticos, isto significa que os Custos foram superiores em 115 milhões de euros relativamente às Receitas.

Felizmente a incompetência foi corrida. Falta agora saber se foi apenas incompetência ou se houve algo mais. Esperemos pela auditoria de gestão já confirmada pelo recentemente eleito Conselho Fiscal.

Para terminar, deixo aqui outra nota assustadora do Relatório agora apresentado. A certa altura do relatório lê-se o seguinte:
"A rubrica “Outros” inclui gastos suportados com a substituição de cadeiras danificadas pelos nossos adeptos em estádios dos nossos adversários."

Sabem qual é o valor? 896 mil euros!!!!! A todos aqueles que se vangloriam por irem ao estádio da luz partir cadeiras o SCP devia agradecer por essa excelente iniciativa que quase nos tira 1 milhão de euros da nossa tesouraria! Impressionante não é?