segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Golpe Palaciano - Parte II

A fim de que fique bem claro que o que escrevi no post anterior não significa o rejeitar completo da ideia da entrada de um investidor, deixo aqui uma adenda ao texto.

O que eu não aceito é o investidor/decisor! O que eu aceito será o investidor/ parceiro!

Não aceito de todo uma Sporting SAD em que não fique garantido que o Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal é o decisor numero um do futebol do Sporting.

Aquilo que eu aceito será que um investidor entre no capital da SAD, tendo voz no seu Conselho de Administração, mas nunca como decisor máximo!

Espero ainda que o mandato de 4 anos desta Direcção seja levado até ao fim, porque se havia razões para o quebrar teria sido logo no inicio. Se tal não foi feito nessa altura e correndo as coisas normalmente como tem acontecido até agora (e reafirmo que foram dados muitos passos positivos) não há razão para golpes de estado agora. E muito menos nascidos de dentro para fora!

Se há vontade de fazer entrar um investidor, que seja previamente bem explicado o que se pretende e que se referende essa opção, com consulta a todos os socios em assembleia extraordinária convocada apenas para esse efeito e de simples votação! Seria o melhor caminho. A partir daí, os sócios terão de viver com a sua opção. Aceitando que cada um assuma a sua posição individual em relação ao futuro, porque cada um é dono da sua consciencia! E garanto que se se for para uma opção que me violente, não serei eu a fazer oposição! Simplesmente afasto-me, aceitando a posição da maioria!

A unica coisa que peço é transparencia em todo o processo que aparentemente se quer levar a cabo!

9 comentários:

Hugo Malcato disse...

"O que eu não aceito é o investidor/decisor! O que eu aceito será o investidor/ parceiro!"

Totalmente de acordo.

Feliz 2012 a todos!

SL

JPS disse...

O mandato desta Direcção é de 3 anos e não de 4. É o que decorre dos estatutos na situação de Direcções eleitas em função de eleições antecipadas. Dados os prazos necessários para as próximas eleições e o calendário que os estatutos consagram, o mandato desta direcção está limitado a cerca de 2 anos e meio.

Este facto já era conhecido aquando das últimas eleições.

JG disse...

Caríssimo JPS,

Seja o mandato de dois anos e meio. Penso que á luz do artigo 37 será de facto assim.

Não vejo a relevancia desse facto para a substancia em discussão.

Estamos perante uma Direcção que tem dirigido o clube sem ondas, sem oposição e com uma taxa de aprovação forte.

Quer-se alterar o paradigma da gestão, com inversão de posições de dominio na SAD? É para isso que deve servir uma assembleia geral referendária... Ou amanhã quando a Direcção voltar a mudar, ao fim de novo ciclo de (pelos vistos dois anos em meio, a manter-se esta intenção de ir a votos mais uma vez antecipadamente) o "investidor" vai-se embora se mudar o rosto da Direcção para um que não agrade?

Os corpos dirigentes do clube passam a estar dependentes da vontade dos accionistas da SAD? O ciclo dos mandatos também?

JPS disse...

JG:

Estás a antecipar cenários. Em concreto, estás a antecipar os cenários que não desejas que aconteçam, em detrimento de muitos outros que poderão ser viáveis.

Deves aguardar serenamente as propostas e, depois de debatidas, a decisão dos sócios. Tanto quanto sei, tudo passará sempre, e como sempre, pela decisão dos sócios.

JPS disse...

E para os que criticam o rumo actualmente seguido, acusando-o de irreflectido e de consequências nefastas para o futuro, deixo apenas duas citações da entrevista do Presidente ao O Jogo:

"Herdámos um clube com tesouraria negativa, com custos superiores às receitas, resultados operacionais negativos, e para inverter esta situação havia duas formas de fazer: ou desinvestíamos, definhando o clube com menores prestações no futebol, menos receitas e entrávamos num ciclo vicioso; ou decidíamos investir e teoricamente aumentar os custos. Dá uma ponte intermédia de resultados negativos, mas garante-me a médio prazo ter um Sporting vivo, senão morreria."

“No Sporting não basta ter parceiros, tem de haver liquidez diária. Podemos ter um parceiro que contrate o melhor jogador do mundo, mas se o salário for superior à média que temos, desarticula o plantel. Depois é preciso ter dinheiro para pagar os salários que os fundos não pagam. De que serve ter enormes fundos e parceiros se isso não influencia o dia-a-dia? É uma falsa promessa falar em fundos, isso não existe. Só ajudam na compra.”

JPS disse...

Sabemos bem o que a trajectória de desinvestimento, seguida nos últimos 6 anos e nas 2 direcções anteriores a esta, nos trouxe. É preciso inverter o ciclo e mudar de paradigma.

Como por exemplo, apostar numa política de renovação e restauração do sentimento de orgulho Sportinguistas, única forma de aumentar as receitas ordinárias.

Mais uma passagem da entrevista de Godinho Lopes:

"O Sporting já sabia que este ano iria fazer 50 ou 53 milhões de euros de vendas, vamos ficar na casa dos 50, mas o objectivo é chegar à casa dos 80 milhões sem venda de jogadores e sem Liga dos Campeões."

MaximinoMartins disse...

Há uma coisa que não deve ser esquecida.
Os tempos mudaram, as circunstancias mudaram...só não mudaram "os velhos do Restelo"...
E agora, vamos tentar explicar: certamente que não me refiro aos sportinguistas que querem sempre um Sporting Maior e um Sporting com personalidade...quando falo dos velhos do restelo...
Mas chamo a atenção para o facto de que há coisas que não mais podem ser mantidas, sendo uma possibilidade de fonte de receita...a possível mudança no paradigma das receitas e isso sem vender como se diz...: a alma ao diabo...
Todos sabemos que "os tempos são muito apertados" no que à obtenção de receitas diz respeito e por isso, sem perder a nossa identidade, não devemos colocar de parte a hipótese de obtenção de novos fundos, enveredando por novos caminhos...
Claro que não quero "um dono" do Sporting, porque o Sporting é pertença nacional...
Mas vamos lá tentar ver as coisas mais objectivamente...: porque não fazer dinheiro negociando por um período mais ou menos longo...: o nome do Estádio...?
Em que é que diminuia a grandeza do Sporting, chamar o Estádio por outro nome, sem dele ser retirado a referencia Alvalade XXI ou outra...?

Foi uma situação levada a Assembleia Geral e a maioria entendeu reprovar a ideia...mas alguém colocou à disposição da Direcção os meios financeiros necessários para pagar as despesas...?
Nós queremos vitórias...nós queremos novos e bons jogadores...nós queremos sempre mais e melhor...
Mas para que isso aconteça...é necessário ter os meios para pagamento...
Por isso não podemos ficar "encostados" a ideias e sonhos impossíveis de manter na conjectura actual...
Defender o Sporting a qualquer custo...mas sempre com os pés assentes no chão é o que pedido aos sportinguistas...!!

Bom Ano para todos...com muitas alegrias verdes...!!

JG disse...

Caro JPS, espero que o cenário para o futuro não seja de facto aquele que desejo que não aconteça.

Porque para lá dos resultados desportivos, o Sporting tem de manter os valores, a mistica e a identidade que foram transportados ao longo de todos estes anos.

Vender a alma por um prato de lentilhas valerá a pena? A curto prazo até pode valer. A longo prazo não me parece. De todo...

Eu sei bem que a situação financeira é muito grave. Sei também que não foi esta Direcção que a criou, antes a herdou. E tenho a certeza que quem dirige hoje o clube quer o seu bem, tanto como eu quero... Não é isso que está em discussão, mas sim qual o melhor modo para assegurar a sobrevivencia do Sporting.

Para mim, vender a alma não vale a sobrevivencia. Potenciar o que se tem de melhor, sim. E se isso implicar um parceiro de negócio, tudo bem! Se isso implicar o Sporting ser puramente negócio, tudo mal!

MRL disse...

Caro JPS:

Acrescento um ponto muito importante:

Nos últimos 10 anos o SCP investiu cerca de 133 milhões de euros em jogadores. (valor retirado do Record)

Se formos a ver as mais valias de valor significativo, foram todas de jogadores da formação.

Nada nos garante que este investimento vai ser benéfico. Pelo contrário, pode tapar os jogadores da formação que eram aqueles que geravam valor.