terça-feira, 14 de outubro de 2008

Entrevista do presidente

Relativamente à entrevista feita a Filipe Soares Franco na última 6ª feira no jornal Record, deixo aqui os parágrafos que considero mais importantes:

"FSF – O sucesso aqui é fazer do Sporting uma organização cada vez maior e que os sócios se sintam felizes e realizados no projecto que lhes foi apresentado. Acho que nós conseguimos realizar esse projecto mas até agora não conseguimos fazer passar bem a mensagem de que queremos crescer. O Sporting só pode competir de igual para igual a nível interno e de menos para mais a nível europeu, se for maior. E para ser maior tem de ter mais sócios, vender mais gameboxes e ter mais gente no estádio. Isso é fundamental."

"FSF – É claro que a crise tem algum impacto, mas é sobretudo uma crise de militância dos sócios e adeptos do Sporting. E é fundamental incentivar essa militância. Dou-lhe um número engraçado sobre essa matéria e que me foram fornecidos pelos dirigentes do Basileia. A cidade de Basileia tem uma população de 200 mil habitantes e uma média de assistência no estádio de 20 mil espectadores. Ou seja, há 10 por cento da população que vai ver os jogos, ainda que seja o único clube da região. A grande Lisboa tem 2 milhões de habitantes e nem 1,5 por cento da população vem ver os jogos do Sporting! Podemos invocar o que quisermos, mas este pacote das gamebox não tornam o bilhete mais caro. Então é porquê? O ano passado tivemos uma impressionante média de jogos disputados ao domingo e marcar jogos para as 9 ou 9 e meia da noite de um domingo não é com certeza para chamar pessoas aos estádios. E muito menos à 2ª feira. Adorava fazer a experiência de um jogo ao meio dia de domingo, mesmo sendo transmitido pela tv."

"FSF – Mais do que isso. Sejamos honestos: não há modalidades amadoras. Não há nenhum atleta de atletismo, andebol, futsal que não seja profissional e até os jogadores de ténis de mesa são semiprofissionais. O que acontece é que o custo e o profissionalismo dessas modalidades não se encaixa com os proveitos que têm. Logo, são sistematicamente deficitárias. Só deviam de viver das receitas que o clube tem: os 25 por cento da quotização e os patrocínios que angariam. Quem não se enquadrar nestes parâmetros não pode existir, porque cada euro que aqui gastarmos a mais é um euro que tiramos na competitividade da modalidade nobre que é o futebol. Não é possível que só o futebol é que se autosustenta e ainda sustenta todos os outros. Isso não impede que o Sporting esqueça do seu lema de ser uma escola de fomento e formação do desporto. Por isso, o Sporting deve encarar com naturalidade o regresso de modalidades que já perdeu desde que as enquadre na área da formação e que comecem por aí. Podemos inclusivamente trazer para casa outros desportos que actualmente não praticamos, como os desportos radicais: os 29 mil metros quadrados onde não vamos poder fazer nada pode ser um parque de desportos radicais."

"FSF – Deveríamos criar um novo figurino do Conselho Leonino. Em vez de ser 50 sócios poderia ser formado por 200 ou 300 associados com poderes instituídos para aprovar um conjunto de operações, designadamente as mais correntes e banais da vida do clube, designadamente orçamentos, as contas do clube e outras matérias."



A minha análise:

Os dois primeiros parágrafos demonstram que a actual direcção assume a sua falha no que toca ao envolvimento dos sócios e adeptos com o clube. Já escrevi várias vezes sobre isso e concordo com a constatação do presidente. É preciso fazer algo.

O terceiro paragráfo vem em linha com o que já se tinha entendido da actual estratégia do Sporting. Os resultados das modalidades reflectem isso. É mesmo para desaparecer. Também já escrevi que no meu entender é um contra-senso. As modalidades têm uma função essencial no aproximar dos sócios ao clube. Chamam mais pessoas e levam o clube a mais pontos do país. Acredito que o menor fulgor das actividades ditas amadoras têm um efeito importante na diminuição de sócios do clube.

Por fim, a ideia sobre o Conselho Leonino é no meu entender mais uma contradição quando se quer sócios mais activos e em maior número. Tudo bem que o actual figurino das assembleias gerais não seja perfeito, mas não é assim que se resolve o problema.

Em suma, continuo a discordar da estratégia do clube. Os resultados estão à vista e são agora tão evidentes que a própria administração os assume. Não há taças ou supertaças que compensem o que estamos a perder aos poucos.

1 comentários:

Anónimo disse...

A SADização progressiva (e agressiva) do Sporting Clube de Portugal afastará ainda mais os Sócios que ainda restam.
Este modus operandi SADesco é incompatível com o indispensável sentimento de Clubite aguda! As pessoas não são da SAD! São do Sporting!
Como é óbvio, os SADicos são incompetentes para resolver o problema.

Relativamente a Paulo Bento, irá suceder-lhe o mesmo que a Peseiro:
quem não sabe saír a tempo pela porta grande, acaba por saía a destempo pela porta das traseiras.