Custa ouvir

Hoje no jornal Record, o antigo jogador e capitão do Sporting, Manuel Fernandes, comenta as declarações proferidas pelo João Moutinho depois do jogo de Sábado.

A certo ponto refere que "Aceito que o João queira ganhar o máximo de dinheiro, mas como sportinguista e antigo capitão custa-me ouvir estas palavras."

Imaginem agora o que estas palavras fazem sentir por exemplo, aqueles que todos os fins de semana seguem o nosso clube, e que para isso, fazem um esforço financeiro assinalável. Muitos têm de abdicar de muito para poderem ver o Sporting e jogadores como o Moutinho.

Imaginem ainda, o que diz um pai a um filho que tinha no nosso capitão um dos seus maiores ídolos. Como se explica a uma criança que de repente o JM quer ir embora do Sporting? Há alguma forma? O que ficará ela a pensar?

Será que estes jogadores do nosso tempo perdem algum tempo a reflectir sobre isso? Será que perdem um pouco do seu tempo a pensar que a imagem que passam para o público é de alguém ganancioso que não está satisfeito por ganhar um milhão de euros por ano?

E a gratidão? Falo daquela que deve haver, não perante os administradores ou por aqueles que dão a cara, mas sim perante o clube no seu todo. Pelas dezenas de milhar de sócios! Pelos 2 ou 3 milhões de adeptos? Pelos que trabalharam afincadamente para dar todas as condições ao JM para que pudesse ser o jogador que hoje é.

E no final, passadas 24 horas das polémicas declarações, vemos na TV um João Moutinho sentado no banco, como se nada tivesse acontecido. Conversava, ria-se e festejava os golos normalmente. Ainda posou na foto junto dos colegas. E os problemas pessoais? E a destabilização que lançou no grupo? E a tristeza que proporcionou a todos?

Hoje em dia cada vez menos percebo o mundo do futebol. No final não passa tudo de uma réplica da sociedade que temos, onde os defeitos humanos vêm facilmente ao de cima. E quanto mais dinheiro há, pior...