sábado, 10 de janeiro de 2009

O fim de um ciclo

Numa altura que muito há a dizer e a escrever, opto por selecionar dois aspectos que hoje me deram muito que pensar:

- No Record, dois artigos de opinião merecem destaque.

Primeiro, um do director adjunto Nuno Farinha que sublinha o facto de que toda esta turbulência podia ter sido evitada caso FSF tivesse partilhado a sua decisão/orientação com colegas do conselho directivo ou outros homens do futebol. A verdade é que ningém fazia ideia e por isso "Foi só ele e rigorosamente mais ninguém. Um belo exemplo de coesão e solidariedade institucional, não haja dúvidas."

Segundo, o cronista Alexandre Pais, refere que a FSF "só lhe falta o título de campeão de futebol profissional para ser indiscutivel que triunfou. Mas já não se livra da fama de ter adaptado o clube à realidade, não embarcando em loucuras e apostando na estabilidade e formação".

Quanto à primeira opinião, é de facto preocupante e mais um motivo de desconfiança relativamente a esta presidência. Quanto à segunda opinião, também é preocupante, para a nossa sociedade, quando se louva um gestor que não entrou em loucuras. Hoje em dia já se valorizam os gestores que aparentemente não roubam, que não cometem actos impensáveis e que não corrompem. No fundo os bons gestores são os que não são loucos. Apesar de neste caso ninguém saber como estão as contas do grupo Sporting.

- O Rugido Leonino atingiu ontem o seu record de comentários a um post. Neles, queria destacar um aspecto amplamente discutido que tem a ver com a possibilidade de actualmente existirem muitos factos desconhecidos, histórias, interesses e até negociações que chegam a por em risco o futuro do nosso clube. Acho que já fui mais ingénuo e hoje em dia desconfio. Esta administração nunca soube transmitir a imagem de total honestidade e transparência: Inexistência de contas do grupo auditadas, reação ao pedido de AG por parte do LdV, alguns factos por explicar (comissões na venda dos terrenos), relutância em explicar como o clube chegou ao estado em que está, etc.

O positivo, e ainda tento ter algum optimismo na vida, é que vão surgindo muitas questões, pedidos de esclarecimento, críticas (muitas são construtivas), blogs e foruns de discussão, associações de adeptos, etc. E as questões surgem maioritariamente dos asosciados mais jovens. Ningúem consegue negar que nas últimas AG os votos conseguidos por FSF tiveram como base os votos dos associados mais antigos, o que significa que se calhar em número de associados as coisas estão equilibradas ou até a pender para a oposição.
Talvez nesta difícil fase seja a altura de mostrar ao país que:
i) os tempos em que se geria o clube sem se prestar contas aos sócios está acabado;
ii) vamos ser nós a decidir que clube queremos (mais fácil agora com o Congresso).

PS: Ao lado de tudo isto, a esperança numa grande vitória hoje sobre o Marítimo. Força Sporting!

2 comentários:

Virgílio disse...

‘O positivo, e ainda tento ter algum optimismo na vida, é que vão surgindo muitas questões, pedidos de esclarecimento, críticas (muitas são construtivas), blogs e foruns de discussão, associações de adeptos, etc.’

É isso Miguel! Não há tempo a perder. Esta é a altura de se definir, de uma vez por todas o q se pretende para o SCP!

Como escrevi, logo após a entrevista de FSF, desta vez o SCP ou o Sporinguismo, se se quiser, 'ou vai ou racha'.

O SCP está numa situação muito complicada. Resta-nos lutar pela terapêutica q acharmos mais adequada a ultrapassar a actual situação. Não vai ser tarefa fácil discernir, entre muitas, qual será...

Boa sorte, para logo à noite!

SL!

JG disse...

Destaco a seguinte passagem no post:

"o tempo em que se geria o clube sem se prestar contas aos sócios está acabado"

É exactamente esse que tem de ser o caminho. Quem leu a entrevista ao Record de ontem percebeu facilmente que isto vai contra a filosofia que este Presidente tinha para o Clube. Em que os socios eram mero verbo de encher. Uns tipos porreiros que serviam só para deixar receita, comprar gameboxes (o que eu embirro comn esta expressão...) e comprar cachecois e camisolas!

Essa era a concepção de Soares Franco. Acredito que genuína, porque a ideia de modernidade e inovação dele passa muito por aí!

Eu acho que esse é o modelo de clube que não podemos nem devemos aceitar!

Gestão profissional, sim! Rigor, sim! E nem isto me parece que tenha existido nos ultimos anos, muito pelo contrário! Abdicarmos do nosso clube e deixarmos vencer a ideia da Empresa, não! Nunca!

Outro ponto importante tocado no post tem a ver com a noção de maioria, muito apregoada por Soares Franco! Maioria de votos ou maioria de sportinguistas? Se alguém tiver os numeros de votantes nominais das ultimas votações importantes (eleições, venda do imobiliário, VMOCs) gostava que deixasse aqui essa informação, porque é importante para desmontar a ideia das tais grandes maiorias!

De qualquer modo, maioria e minoria devem agora fazer as pazes, encontrar um nome e um programa consensual e fazer algumas concessões mutuas. Devem ter essa capacidade. Pelo Sporting!